08 novembro 2008
31 outubro 2008
Pedra na Cabeça
Às vezes nos preocupamos com coisas que não temos o menor controle sobre; e são essas que incomodam mais. Aquelas coisas que nos deixam com a cara meio séria, sobrancelhas contraídas involuntariamente e a mente ausente de onde o corpo se encontra. Precisamos verbalizar urgentemente, mas o que? Pra quem? Que pedra é essa no meu caminho? Acho que o erro está exatamente ai: a pedra não está no caminho. Não, pelo menos, ainda.
Foi num desses momentos que ouvi esta história: "Ontem eu cheguei em casa morta de cansada lá pela meia noite, depois de trabalhar o dia todo. Quando enfiei a chave na porta (porta essa de madeira oca) saíram milhares de formigas gordas de dentro e cobriram a porta. Entramos em casa e o teto do nosso quarto estava forrado de formigas. Todos os quartos PRETOS. Eram MUITAS. Peguei um inseticida, e comecei o extermínio. Eu chorava e espirrava o veneno e meu marido varria, pois não tinha mais nem lugar para pisar. Chorava e envenenava. A operação acabou às 4h30 da manhã".
Sabe, de uma forma diferente e muito mais objetiva, essa história acabou dando o mesmo conselho que minha mãe: "preocupe-se com seus problemas reais". Concentre-se nas pedras e lombadas do caminho, e não nas da cabeça! Como com as formigas, mas diferente.
02 setembro 2008
27 agosto 2008
I fell because I jumped.
I felt I almost did. But I knew I didn't.
It didn't make sense.
I fell.
I fell because I jumped.
I felt the sea floating me around. It was great.
I fell into that thought.
I felt like nothing could change that.
Then,
I fell.
I fell in love.
Throw my self as one came at the same direction.
I'm still falling.
Free falling.
And it has never made so much sense.
02 junho 2008
Meaning... ?
Têm noites em que nada faz sentido. Parece que cabeça e travesseiro não combinam e que deitado é uma posição muito desconfortável para descansar. A pequeníssima fresta de luz que passa pela janela se torna uma chama que alimenta a imaginação dos os olhos semi-abertos a procurar uma resposta para uma pergunta que não se queria fazer. O corpo falseante não se encontra. De um lado para outro procura relaxar os músculos que não se rendem. O único movimento que traz alívio, mesmo que momentâneo, é tirar as meias e enxergar um pé um com o outro, num movimento tão tateante quanto os cegos pensamentos na cabeça. As mãos, entrelaçadas, são levadas aos cabelos e ficam entre aqueles que já estavam em conflito a muito. É como uma rendição à condição. Suspiro e deixo os pensamentos me tomarem por completa.
Têm dias em que nada faz sentido. Aqueles dias, acordados de noites quase não-dormidas. Dias que as pessoas falam e não dizem nada. Ninguém realmente entende o que falo e idéias flutuam sem rumo, bem como o corpo. Como se a gravidade tivesse esquecido deste, fazendo com que o ritmo e movimento fossem tão diferentes dos outros! Sigo com a rotina por costume e nesta nada surpreende. Não se vê motivo. Não se entende as regras. Não se vê. Não enxerga.
Mas têm dias em que tudo faz sentido. Encontramos o que não procurávamos e muito menos sabíamos que existia. É como se a sintonia fosse tamanha que as coisas e os pensamentos nos encontram antes mesmo de nós os querermos. Os acontecimentos se entrelaçam; as peças, antes aleatórias, se encaixam perfeitamente. Sem medo algum do desconhecido, pois esses dias trazem consigo a certeza de coincidências felizes e a colheita de novas peças. A gravidade também esquece do corpo neste dia, mas para lhe dar leveza. Se o ritmo está tão diferente dos outros, já não importa. Tudo faz sentido.
Por isso, espero e resisto pacientemente por aqueles poucos dias à espera destes! Dias tão calorosos, grandiosos e aconchegantes... Que nos abraçam e nos colocam em algum lugar que nos sentimos pertencentes. Por mais que aparentemente distantes, são como um. Uma estranha complementaridade que nos enriquece e fortalece. Tormentas intermitentes em meio a períodos maiores de intensas explosões de tranquilidade.
17 maio 2008
Maratona da Madrugada
Cansada depois de um dia exaustivo de trabalho, a mulher toma um relaxante banho e coloca sua confortável camisola de seda creme com rendas na barra. Deita-se na cama e adormece. Meia hora depois, entra no quarto o marido que há 31 anos divide a mesma cama com ela. Ele tenta não fazer muito barulho, se troca e descansa o corpo ao lado de sua eterna paixão.
(...) Algumas horas se passaram e, como uma trovoada que avança pela janela do quarto, a turbulenta respiração dele atropela os sonhos dela. "Que foi isso?"
ROOOONC
"Ah...". Descabelada e ainda cansada, tenta conformar-se com a passagem do tempo que deixou seu príncipe encantado enferrujadinho...
O que ela torcia para amenizar somente tomava cada vez mais corpo e formava novas variações de som. Poderíamos compor sinfonias a partir daquelas emissões! Graves, agudos, sons entrecortados, pausas que surtiam expectativas... O conhecido desapontamento pelo infindável som foi se tornando insuportável. A tática de dar um empurrãozinho no corpo barulhento usada por tantos anos já não era mais eficaz... Tentou então passar a mão nas costas, nos braços, e nada!
Cerrou os olhos de tal forma que parecia fazê-lo também com os ouvidos, mas apenas parecia. Nada lhe foi útil e cada minuto se tornava uma eternidade.
O último barulhinho dos lábios, que se fechavam e abriam conforme o ar saía, foi a gota d´água. Levantou-se e selou os tão tenros lábios de seu amante com as próprias mãos. Uma pausa! Sim, o silêncio... Ah, como era reconfortante aquela negação do som! Respirou aliviada como se tivesse soado a campainha do ringue. Curtiu aquele momento por mais alguns segundos... Renovou as esperanças de dormir acompanhada de seu grande amor.
Ao soltar os lábios, o rugido da fera adormecida preencheu todo e qualquer resquício de paciência, amor, carinho, afeto... Naquele momento ele voltara a ser não um sapo, mas apenas uma boca que fazia um barulho de tolerância inatingível!
Levantou e, num último apelo, disse com a voz frustrada: "Bom. (pausa). Já vou indo". A reposta que ouviu não foi nada diferente das últimas horas... Virou-se sem hesitar e partiu.
14 maio 2008
Um Conto de Phodas
Sempre tem alguém fodendo alguém pra poder se foder menos. Enganando, recebendo créditos por trabalhos alheios, desviando informações,.... o clássico e sutil "puxar o tapete". Claro que para o tapeceiro isso é essencial, mas garanto que há, neste, outras formas (e muitas!) de se foder. Se você não é a pessoa que fode, sinto muito, mas você é o fodido; aquele do passivo mesmo. Não que você não obterá sucesso por isso, pelo contrário! Mas terá que aturar e driblar muitos fudidores.
Ahá! E o altruísmo? Ah... essa é a maior ilusão de todas! Se existe tal atitude – o que me questiono por esta me parecer muito próxima ao narcisismo –, nela você é simplesmente ambos: o fodido, por não estar ganhando nada com isso e provavelmente se esforçando pra isso, e o fodidor do pior tipo, por você estar fodendo você mesmo!
Volto ao começo e sobram as fodas em si, que apesar da libertação e do prazer deixam aquele vazio do companheiro e esclarecendo, mais uma vez e talvez de uma forma ainda mais explícita, a falta da fada no conto.
Afinal, se fodendo ou fodendo alguém, a gente constantemente deseja a varinha de condão e seus milagres.