23 agosto 2006

Revolução Silenciosa

Durante algum tempo imaginou-se uma revolução alarmante e com muita desordem para que, posteriormente, se faça a ordem, mas uma diferente. Recentemente, ao ler o livro O Mundo é Plano (Friedman, 2005), me dei conta de que a revolução já está acontecendo, e de uma forma muito diferente da esperada: silenciosamente.
Precisamente no capítulo dois, ao falar sobre a terceira e quarta forças que “achataram o mundo” (tornaram-no horizontal e interconectado), percebe-se que este autor está maravilhado com a revolução tecnológica que ele mesmo pesquisa. Assim como o próprio autor escreve, seu trabalho concentra-se “exclusivamente em problemas econômicos”, deixando, desta forma, de analisar uma mudança comportamental que será fundamental para a real compreensão do que ele pretende pesquisar: O software livre e a terceirização desta indústria. Neste capítulo, Friedman explica de maneira muito clara e mostrando muito conhecimento e propriedade sobre o Fluxo de Trabalho e sobre o Código Aberto. O jornalista, depois de muito pesquisar sobre software livre, foi buscar opiniões dos que produziam os comerciáveis. A questão colocada é que, ao fazer sua análise sobre como os softwares livres estão se difundindo e se tornando uma ameaça a gigantes, por exemplo a Microsoft Windows, ele ainda mantém seus valores e compreensão ligados a um pensamento característico do sistema capitalista, impedindo-o de perceber que uma revolução muito mais importante já está acontecendo. As dúvidas referentes a esta auto-organização, que desenvolve sistemas e softwares não comerciáveis, partem do pressuposto que o objetivo geral seja o lucro e o desenvolvimento frente a concorrentes, ou seja, a manutenção do pensamento capitalista faz com que o questionamento frente às pessoas determinadas a manter sistemas de operação como o Linux seja incoerente, uma vez que o objetivo destas estão diferentemente direcionados, seguindo valores diferentes dos que analisam esta “corrente”.
“Quando as pessoas teimam em não cobrar pelo software, quando insistem em que ele seja distribuído de graça, a indústria perde a possibilidade de ganhar corpo. [...] Para haver inovação, precisa haver capitalismo. [...] Como então os produtos vão reter seu valor?” (Friedman, 2005, p.120). Este é o pensamento predominante para os membros da Microsoft, incluindo Bill Gates, sendo que esta é uma linha de pensamento que segue numa direção oposta aos membros de uma organização que trabalha com o desenvolvimento do software livre. Neste, o dinheiro não é o incentivo, houve uma mudança de valores a partir da qual se criou uma produção que visa o coletivo. “Pode ser verdade (que este é um modelo de produção pós-capitalista). Neste caso, teremos questões colossais de governança global para resolver, a fim de determinar quem é dono do que e como pessoas físicas e jurídicas poderão lucrar com suas criações” (Friedman, 2005, p.122). Fica claro que se analisado com um pensamento voltado para o lucro, principalmente o individual, não se poderá compreender o que os autores e criadores do software livre estão desenvolvendo em nome de um povo.
Quem vai ficar com a recompensa? Ninguém e todos. E ai que está a grande revolução.
Para os novos tecnólogos, que estão se mostrando até superiores aos da Microsoft, por exemplo, a recompensa passou a ser o resultado. O objetivo agora era melhorar programas e sistemas apenas para obter resultados e que estes fossem livremente e, principalmente, gratuitamente disponíveis. Talvez seja ingenuidade não admitir que dentro dos objetivos esteja também a possibilidade de um status no meio tecnológico, mas mesmo que isso faça parte, seus membros assumem responsabilidades tanto técnicas quanto sociais completamente diferentes das empresas de tecnologia voltadas ao comércio.
Este ideal estimulador no processo de criação não é novo. Santos Dumont não registrava suas criações, ou seja, não tinha nenhum direito autoral sobre elas. Não obstante, fazia questão de entregar plantas com projetos e dividir idéias com quem o procurasse. Provavelmente ele não tinha nenhum ideal libertário ou uma revolução em mente, mas participou de uma nova forma de produção colaborativa, tendo como estímulo o resultado: Não importando seus inventores, queria que aquele sonho fosse viável, ou melhor dizendo, planável.
Assim, algumas décadas depois, a tecnologia permitiu que pessoas com objetivos em comum se comunicassem a distância e pudessem discutir suas idéias mesmo que separados geograficamente. Projetos que fazem parte do Código Aberto são criados, transformados e aperfeiçoados on line, entre muitos técnicos do assunto. Desta forma, o desenvolvimento é mais rápido e, seguindo a filosofia de seus criadores, gratuitamente difundido!
Mesmo que esta forma de produção discuta e vá de encontro à propriedade privada, pode apoiar indiretamente a formação de pequenas e "promissoras" empresas e a livre concorrência entre elas, que estão interessadas em usufruir da disponibilidade dos softwares livres para iniciarem sua participação nesta economia. Ainda assim, o software livre pode ser a grande demonstração de que muitas pessoas estão criando visando o comum, fazendo parte de uma produção colaborativa, bem distante da competitiva, sendo uma “ameaça” ao pensamento atrelado à filosofia de que a única forma de estímulo é a recompensa econômica.A grande ironia é que talvez eu não faça parte desta revolução. Agora, neste exato momento, escrevo em um laptop a Acer, cujo processador é da Intel e com o software de sistema operacional da Microsoft, Windows XP. Mas, quem sabe o que Marx afirmava sobre a consciência de classes agora se transponha para a tecnologia digital.

21 agosto 2006

Straight Ahead

CHORUS:
I wanna see who can stop me know
I wanna know who will bring me down

Life is too short
It will pass you in a run
If you don’t learn

We all die, cry
We all fall sometimes
Get up, give another try

CHORUS

You run to fly
Just need to find
Your place

In the crowd
You loose ID somehow
Sometimes I do too

CHORUS

Give away the chain
It’s not so bad
Go ahead

Now I’ve put my mind
Into it so
I’ll give the sprint and go

CHORUS