20 janeiro 2009

Quando acontece, acontece.

Coisas acontecem o tempo todo em todos os lugares. Idéia que perdeu sua obviedade quando fui surpreendida pelo que me aconteceu.

Numa noite muito fria de inverno do hemisfério norte, deixei minha grande companheira diária dentro do carro, pois minha bolsa era pequena demais praquela garrafa d'água. Demorei um pouco para voltar e, quando o fiz, a grande surpresa! A água tinha congelado. Toda ela. A garrafa inteira. Pedra.

Aquele acontecimento tão simples, mas tão impossível. Não fazia parte de forma alguma das minhas possibilidades objetivas. Jamais esperei tal transformação dentro de um carro! Fiquei parada um momento extasiada pelo fato. Tão simples... Tão óbvio... Mas tão inesperado para mim.

Imediatamente um turbilhão de pensamentos me tomaram conta. O que mais será que é impossível para mim? O que mais eu não consigo entender? O que mais será que eu não consigo enxergar? O que mais eu nem cogito ser um acontecimento?

Talvez a história do nativo que demorou dias até conseguir enxergar o barco do 'visitante' que chegava seja mesmo verdade. Uma forma tão diferente daquelas já concebidas que são simplesmente inaceitáveis para o virgem cérebro. E que dirá diferentes idéias! Diferentes percepções! Como é difícil falar sobre alteridade... Ainda mais agora!

Acho que é justamente isso que me encanta na antropologia. Deixa nossos cérebros 'maiores', mais 'possíveis', mais permeáveis. Deixa-nos sempre numa situação de constante construção. Foi exatamente o que senti.

Com essa banal experiência pude sentir a limitação que temos em compreender. Por esse pequeno fato. Assim, só porque a água congelou.

Um comentário:

Felipe disse...

Insights diriam alguns... você teve uma sacada interessante o que levou a este belo relato.
As vezes fica até engraçado quando trombamos com idéias inesperadas.
Parabéns pelo seu blog.
smack!